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segunda-feira, 30 de junho de 2008

A Crónica : )

Amigos Caminheiros - Mazedo
1.ª Caminhada Internacional ao monte A Loia Tui –Espanha


“Por aquele caminho
De alegria escrava
Cai um caminheiro
Com sol nas espáduas”
(Zeca Afonso)


O sol ainda não raiava nas espáduas, mas cedo já lá estávamos no ponto de encontro de sempre. Quinze dias antes um SMS havia anunciado a hora da partida.
Marcava o relógio 4h00 da manhã e as pernas caminheiras abeiravam-se à igreja de Mazedo. Aguardavam-nos aproximadamente 27 km que ligam Mazedo ao Monte A Loia em Tui, o nosso destino.
É a terceira vez que participo nestas caminhadas, a primeira vez à Sra. da Peneda, a segunda à Sra. da Pena e agora Monte A Loia. E digo-vos que são sempre dias inesquecíveis, dias totalmente diferentes em que o “caminho se faz caminhando” e os amigos nos dão a mão quando “Cai um caminheiro”.
Esta nossa incursão internacional teve três estreias, todos os outros eram repetentes (mas com gosto). Uma aquisição caseira o Vítor, e duas mais distantes o Nuno e o Marco respectivamente pai e filho que foram “trazidos” pelo engenheiro Sérgio e a Manuela, de Ponte de Lima. Já agora, e em nome de todos, foi um prazer conhecê-los, obrigada pela companhia.
Porque o tempo não pára e o sol ameaçava, fizemos pé ao caminho após os habituais foguetes.
A primeira parte do percurso não se desenhava tão sinuosa quanto o habitual. Rumamos à Ecopista com destino a Valença. O caminho era bom, com o rio Minho como vizinho, a companhia era ainda melhor e lá fomos fazendo kilometros.
A primeira paragem estava marcada para as 6h30 da manhã, mas muito antes já se ouvia chamar pelo Leonardo (ai a fome), o nosso sempre imprescindível e inigualável abastecedor, de almas e de estômagos claro.
Uma breve paragem em Verdoejo mesmo ao pé do rio retemperou corpo e acalentou almas, para o caminho que estava por trilhar.
Com o monte A Loia do outro lado do rio a espreitar bem lá do alto dos seus quase 700m de altura, tanto caminho ainda por percorrer…
A vila de Valença já se aproximava e o sol batia forte fazendo acelerar o passo para nos esgueirarmos. Antes de atravessar a fronteira o nosso fotógrafo de serviço, o Nuno (em substituição do Baixinho, que não nos acompanhou desta vez) fez a foto de grupo à entrada da ponte velha de Valença.
Tui já nos esperava com uma ansiedade que fez o sol raiar nas nossas costas, olhares curiosos seguiam-nos, talvez nos julgassem peregrinos de Santiago de Compostela. (Quem sabe um dia?!).
A sede e a fome voltavam a apertar e o relógio já marcava quase 10h00 e o nosso abastecedor esperava-nos no início do Monte A Loia. Tempo para respirar, tirar os sapatos, ver as mazelas que os 20km já tinham provocado e rogar uma ajuda para os kms que ainda faltavam.
O monte surgia na sua imponência, íngreme e como guia tínhamos apenas um mapa para nos levar ao topo. Arrancamos da paragem com ânimo para um último esforço (era já ali…). A suavidade do caminho que nos levou até Valença deu lugar a uma encosta escarpada e longa, que nos fez suar.
O caminho revelou algumas surpresas, uma paisagem esplêndida e uma brilhante obra de engenharia antiga. Um dos trilhos que fizemos seguia a passo com um canleiro de água que guiava a água desde a nascente, no cimo do monte, até uma povoação no sopé da montanha, uma obra singular que nos guiou montanha acima. Na minha modesta opinião a parte mais bonita do caminho.
Tínhamos ainda marcada uma rápida paragem no centro de acolhimento de turistas do monte A Loia a 2,6 Km do cimo do Monte. Fomos recebidos e brindados com um breve filme que nos explicou em traços breves a história do monte, a fauna e a flora riquíssimas que o povoam.
Faltava o último esforço do guerreiro (neste caso do caminheiro) para os 2Km que faltavam. E ironia ou não era a parte mais dura, mais íngreme do caminho. Em que apenas o alento dos amigos nos colocou no cimo daquele monte. Alguém ilustrou o facto dizendo que era David contra Golias e aquele Golias era tão grande…
Porque para os amigos caminheiros quando alguém não conseguir atingir o cume, ninguém conseguirá demos força uns aos outros. Ficaremos sempre todos juntos, e todos juntos temos conseguido “trepar as sinuosas montanhas que nos tem feito frente”.
Quando o último degrau se atinge acreditem, todo o sofrimento que a subida nos causa desaparece e já são pensamos “Já está, venha a próxima.”
E por fim o descanso merecido, acreditem. Para trás 27 km (aproximadamente) e um longo esforço. Mas todos chegamos e a felicidade desse momento é grande.
Como nas caminhadas anteriores esperava-nos um belo repasto no restaurante que fica no cimo do monte A Loia, com a companhia de alguns amigos que não se atreveram a fazer – se ao caminho, mas que nos foram dar as boas vindas.
A boa disposição é constante neste encontro de amigos e os risos dominam o ambiente. Acreditem que vale a pena.
De referir ainda que o local onde a nossa caminhada nos levou é de uma beleza imponente, este local é uma reserva natural com muitas espécies protegidas. E é impressionante a vista que o monte A Loia nos proporciona. O Francisco assegura que consegue ver a varanda do seu apartamento aqui em Monção!!! As ilhas Cies espreitam também lá ao fundo fazendo um painel inimaginável. Aconselho vivamente a visita.
Aos Amigos caminheiros que me acompanharam nesta aventura agradeço a companhia, a força e a amizade. E da próxima lá estaremos.
Tenho, para terminar, de realçar a coragem e tenacidade de duas pessoas em particular, o Zé Manel (Tuka) e o Marco. O mais velho e o mais novo caminheiro respectivamente. O Marco foi um pequeno herói do alto dos seus 12 anos.
Porque adoramos estes dias, já marcamos a próxima caminhada: dia 24 de Outubro de 2008, por definir está apenas o local.
Uma palavra mais pessoal, agora, para referir a importância destes eventos, que fomentam o convívio e a vida activa que tão bem faz à nossa saúde. E daqui fica o meu apelo aos jovens de Mazedo para uma participação mais activa neste tipo de actividades, porque infelizmente ainda não somos tantos como gostaríamos. São dias diferentes e simplesmente inesquecíveis.
Obrigada a todos os amigos caminheiros.

In Jornal A Terra Minhota
Susana Andreia Alves

1 comentário:

Os amigos caminheiros disse...

Parabéns Andreia. Excelente crónica. Efectivamente as caminhadas d' Os Amigos Caminheiros são memoráveis, mas acima de tudo o grupo é fantástico. Agradeço ao Zé Manel aquele convite (...desafio) para a caminhada da Sra da Peneda. O esforço é sobejamente recompensado. Vamos à próxima.
Sérgio Araújo